domingo, 26 de abril de 2009

Seminário sobre Walter Benjamin na UFF

Aproveitamos para informar a programação do Seminário sobre Walter Benjamin que acontecerá na Universidade Federal Fluminense (UFF) nos dias 12, 13 e 14 de maio. Uma boa oportunidade para saber e aprofundar os estudos sobre este autor.
Cliquem na imagem acima para que a programação completa apareça ampliada!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

O exercício da análise – pensar, trocar, repensar – novo desafio (parte 2)

Trazemos nesse momento a continuação do relato de Célia Ribeiro, integrante do grupo, a respeito do primeiro exercício de análise que iniciamos com o grupo. Esse é o final de seu relato.
A partir daí trouxemos para a nossa discussão o conceito de leitura “como experiência” de Sônia Kramer, que veio clarear o nosso olhar. Segundo Kramer, que se baseia no pensamento de Benjamin, uma leitura formadora passa pela experiência do sujeito e transforma-a. Uma leitura "como experiência", segundo a autora, deixa rastros, desperta reflexões e relações, deixando algo novo dentro de nós. Colocamos então a seguinte questão: até que ponto o entrevistado pratica a leitura “como experiência”?
Estávamos nesse ponto já com algumas "pistas" a respeito das duas categorias que nos propomos a analisar nesse encontro, quando o motor de nossas discussões nos levou a mais algumas reflexões e a tal surpresa que mencionei no início desse relato(na postagem anterior). Se o entrevistado, como nos falou, e como verificamos, apresentava um ideal de leitura que aparentemente não aparecia em sua prática, a narrativa oral, que tanto discutimos nesses meses dedicados à pesquisa com base no pensamento de Benjamin, estava ali claramente presente. No entanto, de início não atentamos para esse fato.
Estávamos enfim diante de uma pessoa que utiliza prioritariamente a narrativa oral para partilhar suas experiências assim como Benjamin nos falava acerca do Narrador. A cada pergunta feita pelo entrevistador ele contava uma história realmente experienciada. Falava também de sua experiência com o teatro e alguns textos teatrais, já que depois afirmou fazer parte de um grupo de teatro também. Nas situações relatadas pelo entrevistado muito poderíamos analisar, segundo o pensamento de Benjamin, como a associação do que contava e do que lia com um interesse prático relacionado com o seu próprio ofício assim como também, no caso do teatro, que era utilizado por ele para transmitir sua experiência de vida.
Portanto, tão imersas estávamos em nossas reflexões que vieram somar a elas outros exemplos que nos acompanharam nessa trajetória, como por exemplo, o filme Narradores de Javé que disponibilizamos algumas cenas em nosso blog e que traz seus personagens tentando manter viva uma cidade através das histórias narradas, como tão bem Monique, oportunamente, associou à cidade de Pândegas do conto de André Aguiar. A questão da oralidade e da escrita aparecia nos dois(filme e conto) assim como aparecia na entrevista e permitia relações com o pensamento de Benjamin...
Mas teríamos que parar o motor, nessa que seria uma agradável e proveitosa discussão sem fim. Pois não é assim mesmo que acontece com as histórias? Fomos embora, mas elas continuaram com seus enredos dentro de nossa mente...
Célia Ribeiro
Aguardamos de novo os comentários de vocês. Lembrem-se de que esse texto é continuação do anterior. O que a leitura dos dois os fez pensarem? Que outras reflexões e relações ainda podem ser feitas a partir do pensamento de Walter Benjamin? Opinem!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O exercício da análise – pensar, trocar, repensar – novo desafio (parte 1)

Trazemos nesse momento dividida em duas postagens a reflexão que Célia Ribeiro, umas das integrantes do grupo, escreveu a partir das discussões vividas em nosso último encontro. Leiam e participem!

Iniciamos essa semana a análise das entrevistas. Dessa vez estávamos apenas Monique, nossa orientadora Adriana e eu. Iniciamos categorizando a entrevista de acordo com a questão que deverá ser analisada. Mas não pensem que esta é uma tarefa tão simples como num primeiro momento pode parecer, como pareceu para nós, pelo menos para Monique e eu.

Tomamos uma entrevista para esse encontro que nos revelou ao final uma surpresa mas, para que essa surpresa se revelasse, foi preciso um tempo. Tempo esse preenchido em meio a discussões que começaram frias e que, com o entrelaçar de nossas análises, foram ficando amenas e entraram em um ritmo ininterrupto, tal qual uma máquina que custa a funcionar, mas que depois de algum tempo de funcionamento parece que adquire ritmo próprio dando a impressão que não mais parará, a não ser que a desliguem.

Iniciamos com a primeira categoria, ou seja, verificar qual o conceito de leitura que o primeiro entrevistado traz em sua fala. Verificamos inicialmente, por meio de sua resposta, que seu conceito de leitura está vinculado à noção de leitura daquilo que não se conhece, ou seja, a leitura de vidas e de histórias por ele não vivenciadas como se os livros o transportassem para mundos desconhecidos.

Diante do relatado demos início a sua análise. Fizemo-nos algumas perguntas a fim de clarear a fala do entrevistado. Seria um ideal de leitura o que ele descreve? Que relação haveria entre o que ele entende como leitura e a forma como ele a vive em seu cotidiano? Portanto, de imediato partimos para a seguinte categoria que nos daria pistas mais concretas acerca do que representaria a leitura na vida do entrevistado. Quais seriam enfim as leituras e narrativas vividas por ele?

Foi nesse ponto que começamos a desvendar a primeira questão. Ao nos relatar que suas leituras se restringiam a livros técnicos, desconfiamos de sua conceituação inicial a respeito da leitura. Como classifica a leitura como uma oportunidade de mergulho em mundos e histórias desconhecidas, não estaria seu conceito de leitura associado a um ideal, baseado no senso comum ou representações construídas na sociedade a respeito do tema, sobretudo dentro da universidade? Neste ponto já estávamos totalmente envolvidas por essas questões. Percebíamos inclusive que a leitura de livros técnicos relacionados à sua atividade profissional se devia à dificuldade, afirmada pelo próprio entrevistado, de dar sequência à leitura, sendo a concretude da leitura técnica mais facilitadora.
Célia Ribeiro
Isso é apenas o começo... Na próxima tem mais! Esperamos a contribuição de vocês do PIC e dos nossos leitores de fora do grupo também. As trocas podem ampliar nossa discussão.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Ainda sobre o leitor... Um conceito sempre em construção...

Vemos ao lado o encerramento da nossa enquete sobre onde mais lêem as pessoas. A internet está em alta. Mesmo assim, quando se fala de leitura, as pessoas pensam apenas nos livros, no suporte tradicional de leitura e um dos primeiros. Temos que pensar porque há essa diferença entre o que se diz do que é ser leitor e o que se lê... Isso possibilita que pensemos nas práticas de leitura atuais e nas formas como elas são "ditas" mesmo que nem sempre vividas pelos sujeitos. Muito para refletir...

Esse debate que trago resumidamente, surgiu ao discutirmos o conceito de leitura do nosso primeiro entrevistado na semana passada. Ao me deparar com esse texto de Jefferson Maleski no site Recanto das Letras não resisti em trazer alguns trechos de seu texto para diálogo. Vejam o que ele diz...

O leitor não é só um adjetivo, senão bastaria que alguém lesse bulas de remédio, papéis de bala, outdoors ou versos escritos em banheiros públicos para ser leitor ou que lesse apenas uma vez quando criança, qualquer coisa, para carregar a medalha de LEITOR no pescoço pelo resto da vida. O leitor, tampouco é um reles substantivo, decretando assim que todos os alfabetizados são, automaticamente, leitores. Pergunte a alguém que sabe ler como ele define o leitor. Melhor, pergunte-se a você mesmo: o que é o leitor? Pense um pouco antes de continuar a leitura do texto.

Definir o leitor é como definir o ser humano. É um conceito complexo assim como o verbo ler. É tão difícil tentar explicar o verbo ler quanto os verbos viver e amar. O que é amar? O que é viver? O que é ler? Pode-se apenas tentar chegar perto, mas o verdadeiro sentido continuará sendo interior, íntimo, pessoal. Só quem é leitor sabe o que é o leitor, mesmo que não consiga defini-lo, assim como quem ama sente o amar e quem vive entende o viver. E entenderá só de um leitor: dele mesmo, porque cada leitor é diferente e único. Não existe leitor-gêmeo nem leitor-clone.

Fonte: quem quiser ler o restante do texto do Jefferson entre outros acesse-os no endereço http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1166092

Jefferson Luis Maleski autor do blog http://www.jefferson.blog.br/

Para encerrar trago uma imagem do BLOG Lector in fabula... Os muitos leitores e seus suportes... Acessem ao lado nos favoritos.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Os direitos do leitor e nossas reflexões

Diante da discussão que tivemos essa semana trago os direitos do leitor. Falando em leitura, nos conceitos de leitura trazidos por nossos entrevistados na pesquisa, pensei que falar sobre os direitos do leitor seria oportuno. Afinal, vemos que, muitas vezes, as pessoas têm idéias definidas (idealizadas até) a respeito do que pode ou não pode um leitor. Essa pequena carta dos 10 direitos do leitor de Daniel Pennac ilustra um pouco disso e nos faz pensar que esse espaço de ação do leitor é bem mais amplo do que se imagina... Como leitores (sempre) em formação também temos direitos!!
Os direitos do leitor (Daniel Pennac)
O direito de não ler
O direito de saltar páginas
O direito de não acabar um livro
O direito de reler
O direito de ler não importa onde
O direito de ler não importa o que
O direito de amar os heróis dos romances
O direito de saltar de livro em livro
O direito de ler em voz alta
O direito de não falar do que se leu
Quais seriam os seus direitos de leitor que você criaria? É claro que criamos os direitos com base nas nossas experiências de leitura satisfatórias ou não... O que você incluiria nesta lista? Ou que outra lista faria? Agora é com vocês! Tragam suas idéias e suas listas de direitos de leitores. E olhem que isso é só de leitores de livros... Se falarmos de outras leituras ,que também discutimos, a lista pode ser totalmente diferente.
Adriana Hoffmann

domingo, 12 de abril de 2009

Contar e circular histórias – um movimento de formação de leitores?

É impossível ler o conto de André Aguiar e não ficar se questionando sobre tantas coisas que o texto suscita. E foi o que ocorreu conosco do grupo leitura e formação em nosso último encontro.
Tomar para a nossa discussão semanal “Os contadores circulares” nos levou a inúmeras reflexões, que surgiram da interpretação individual de cada um em sua silenciosa leitura, digo silenciosa, pois apesar do texto ter sido lido, inicialmente, em voz alta por um integrante do grupo, as leituras pessoais estavam traçadas em subjetividades próprias que se fizeram presentes.
Várias interpretações surgiram, inúmeros porquês se fizeram presentes na tentativa de se saber o que o autor estaria tentando dizer em determinado momento, mas no decorrer da discussão esquecíamos aquela que considerávamos ser a intenção do autor e mergulhávamos naquela sim, que era a verdadeira intenção do autor, que extrapolava uma autoria, mas congregava diversos autores e conseqüentes narrativas para aquela que inicialmente consideramos “a narrativa”. Pandegas e seus contadores de histórias a construir suas vidas de acordo com narrativas ouvidas e coletadas. Não seria assim a nossa própria vida, a vida desse ser individual em sua trajetória pela existência?
Somos sim pedaços de tantas narrativas de tantos autores, só que não tomamos para nós integralmente suas narrações, fazemos delas as nossas próprias e únicas banhadas por mais tantos outros que já estão em nós e que venham a eles se juntar. Não seria cada vida cercada por narrativas circulares que ampliam nossos olhares e nosso viver?
O conto de André nos permitiu fazer a “ponte” com o conceito de narrativa que discutimos pela leitura de Walter Benjamin. Afinal, o que significaria o contar deixar de ser oral e encerrar-se no livro como no conto de André? O que Benjamin diria disso?
Pelas leituras que já fizemos de Benjamin, ele afirma que quando o contar deixa de ser oral, para se transformar em linguagem escrita, pode perder a essência da narrativa, passando a ser informação transmitida a outros, sem a necessidade de se reunir e compartilhar experiências. A narrativa tem a prerrogativa desse compartilhamento de experiências. Quando não ocorre este compartilhar, ela morre e com ela a história. Será que foi esse o motivo de Pândegas ter se dobrado em si como um livro?
As histórias em Pândegas começaram a ser exportadas em materiais impressos. Era tão grande a preocupação de não perder as histórias que os pândegos podem ter deixado de narrá-las para o seu próprio povo, transformando-as meras informações.
Ao ouvir a narrativa, nos pusemos a pensar e refletir sobre a história e as experiências dos pândegos e o porquê de Pândegas ter acabado. Automaticamente essa narrativa começou fazer parte das nossas vidas, entrelaçando- se com as nossas próprias histórias e experiências vividas no projeto e entrevistas já realizadas. Benjamin relata que as narrativas são assim: as pessoas se apropriam das histórias umas das outras, modificando- as, transformando-as em suas próprias experiências.
Assim como no conto de André Aguiar, podemos pensar nos entrevistados em nossa pesquisa e suas experiências com as narrativas. Quais deles viveram ou vivem uma experiência do ouvir e do recontar as histórias vividas, lidas, refletidas? Quais deles vivem a sua relação com a leitura como “experiência” e quais vivem a leitura como algo com pouco significado, sem essa relação viva com o contar? E, quando a partir de situações como a de filmes como o “Narradores de Javé”, a escrita passa a ser necessária na vida das pessoas para fazer/marcar a história delas ou a de um povo que, sem ela, morreria?
Célia Ribeiro e Monique Carnevalli

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Narradores de Javé – entre o contar pela oralidade e o contar pela escrita...

Trazemos neste momento trechos de apresentação do Filme Narradores de Javé com direção de Eliane Café. O filme trata da situação vivida por uma pequena comunidade que transmite seus saberes pela oralidade, sem o uso da escrita e que se vê diante da ameaça de perda da sua história com a inundação de suas terras. Surge a necessidade de usar a escrita para o registro de sua história. Passam então a realizar um trabalho de memória, evocando lembranças, cada qual contando a história a seu modo mostrando um passado épico, uma “história grande” do Vale de Javé, com heróis forjados pelos homens – Indalécio – e pelas mulheres - a Maria Dina. E, nessa trama que visa buscar as origens de Javé, aparecem muitos elementos da memória individual e coletiva. Excelente para nossas reflexões sobre leitura e o contar histórias na formação dos sujeitos.

Apresentação do filme

Trecho do filme... Uma das histórias coletadas na comunidade...

Divirtam-se,reflitam e comentem!!