O movimento da lembrança reflete em algumas pessoas um sentimento de nostalgia. Talvez pela felicidade dos momentos que existiram, talvez pela representação que determinada fase deixou. Lembrar é olhar para nossa existência passada com a sensibilidade do presente, reviver detalhes, recolorir os cenários, reconstruir aventuras, ouvir a música que traz o coração.
O menos importante é a polaridade das lembranças, porque, positivas ou negativas, pautam o que somos hoje. Sobre isto temos total autoridade: podemos perfeitamente fortificar as coisas boas que as lembranças nos impõe e do mesmo modo, modificar o que julgamos equivocado. Muitos sofrem por desconhecer que o passado não é passível de transformação lá no passado, mas aqui no presente, através de novas realizações. Lembramos de uma linda canção de Chico Buarque, chamada Maninha, que diz com inspiração celestial: "Se lembra da fogueira, se lembra dos balões, se lembra dos luares dos sertões... Se lembra do futuro que a gente combinou, eu era tão criança e ainda sou". O futuro que combinamos - vestido de presente - pode não ser o mesmo que planejamos, mas o futuro que combinarmos agora só depende da nossa capacidade de olhar as estrelas sem descuidar dos sinais de trânsito.
Lembranças são sempre muito importantes, através delas podemos planejar novas ações no presente que certamente modificarão o futuro. Tudo dependerá da forma como encaramos esse desafio. Porém, muito mais do que isso as recordações, principalmente dos momentos agradáveis (que precisam ser reforçadas), nos fazem reviver sensações de um tempo que não volta mais. Contudo não está morto, pois pode ser revivido com muita intensidade sempre que desejarmos.
Sim é uma verdade estarmos sempre a lembrar de alguma coisa, nossa mente nunca está vazia, estando cheia, só pode estar preenchida por uma experiência vivida. E é o que traz a estória “Retrato em Escadinha” que já se tornou uma lembrança, lembranças relatadas de um alguém, lembranças que não experimentamos e que nos conduzem as nossas próprias recordações. Recordações simples de um cotidiano vivido que por muitas vezes não lembramos por serem tão simples, mas quando lembradas são cheias de significados. Quanto significado tem uma foto geralmente tiradas em locais de muito sentido para a gente, como diante de tantas portas onde no decorrer de nossas vidas tiramos fotos, portas estas de locais representativos, da casa dos avós, da escola, de nossa própria casa, de uma casa de uma tia distante que não se conhecia e que tanta magia trouxe para aquele domingo, ou seja retratos diante de portas que guardam lugares por de trás, onde moram lembranças inesquecíveis.
Diante disso, podemos dizer que recordar é viver e reviver momentos felizes e difíceis em que temos a possibilidade de agirmos sobre, avaliando e reavaliando nossas ações e reações. Dessa forma, crescemos e nos transformamos e, nesse movimento de relembrar, nos encontramos com nosso eu mais profundo. Reencontrar-se consigo mesmo não é tarefa das mais fáceis, contudo bastante importante para planejar nossas ações futuras, nossa vida, para sabermos que objetivos temos para nós e que caminhos pretendemos seguir.
Na forma de memórias ou lembranças, podemos constatar o quanto crescemos e o quanto aprendemos até aqui. De vez em quando é importante realizarmos um “balanço” de nossas vidas e identificarmos o que vale ou não a pena continuarmos guardando (relembrando). Fundamental, periodicamente, esvaziarmos nossas gavetas, jogarmos um monte de coisa fora, queimarmos o que não presta mais, darmos o que não nos serve, desimpedirmos nosso espaço. O que é bom sempre permanecerá no coração e mente, cada momento vivido é ímpar, especial, basta aproveitarmos ao máximo o que nos é oferecido. Aquela música, perfume ou lugar poderá nos levar a um revival muito peculiar ao clima experimentado. Ou seja: nossa vida é uma constante retrospectiva de eventos – uma forma muito humana de nos reconstruirmos.
O que é o passado, senão, uma referência para o presente e o futuro? Ele pode vir carregado de uma dose de arrependimentos por tantas coisas que não decidimos, que não tivemos coragem de enfrentar ou maturidade para assumir. O fato é que se “olharmos demasiadamente para trás”, podemos nos esquecer essencialmente do agora. Nossos anos de existência devem melhorar-nos constantemente, aperfeiçoar-nos, tal qual uma pedra é lentamente lapidada pelo ourives. Nunca deveremos deixar de valorizar nossa história de vida, e mantermos um carinho por nossas anamneses, sem culpas ou frustrações. Passado, a limpo.
Autores: Paola Fávero, Julian, Monique, Célia, Maria Clara e Giancarlo.
Um comentário:
Texto muito bom!!! Inauguro os comentários...
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