A partir do mito de Orfeu que apresentamos brevemente em postagem anterior trazemos agora uma discussão sobre o que é um mito. Os mitos fazem parte das muitas narrativas que ouvimos desde a infância mas que nem sempre reconhecemos como mitológicas. Eles têm sua origem na Grécia e falam muito de nossas vidas.
Victor D. Salis (on-line) fala do mito como sabedoria da arte de viver e amar. Segundo este autor os mitos falam de coisas que nos dizem respeito e parecem responder a tantas perguntas que temos sobre o mistério de existir. Muitas vezes não parece que quando conhecemos um mito, “já o sabíamos sem saber”? O mito, como ressalta Victor, soa-nos tão familiar e, principalmente, toca o coração – se, de acordo com o autor, nosso realismo permitir e não exigir que o descartemos como bobagem ou simples mentira (afinal, mito é seu sinônimo).
Segundo Danilo Marcondes (2002) o pensamento mítico consiste na forma pela qual um povo explica a origem do mundo, o funcionamento da natureza e dos processos naturais e as origens deste povo, bem como seus valores básicos. O mito caracteriza-se, sobretudo pelo modo como estas explicações são dadas. Assim, o próprio termo grego mythos significa um tipo bastante especial de discurso, o discurso fictício ou imaginário.
Sendo parte de uma tradição cultural, Marcondes lembra que o mito configura assim a própria visão de mundo dos indivíduos, a sua maneira mesmo de vivenciar uma determinada realidade. Por isso tudo, o pensamento mítico pressupõe a adesão, a aceitação dos indivíduos, na medida em que constitui a sua experiência de entendimento de mundo. O mito não se justifica, não se fundamenta, portanto, nem se presta ao questionamento, à crítica ou à correção. Não há discussão do mito porque ele constitui a própria visão de mundo dos indivíduos pertencentes a uma determinada sociedade numa época tendo, portanto, um caráter global.
Um dos elementos centrais do pensamento mítico e de sua forma de explicar a realidade é esse apelo ao sobrenatural, ao mistério, ao sagrado, à magia. Nos mitos, as causas dos fenômenos naturais e do que acontece aos homens são governadas por uma realidade exterior ao mundo humano e natural: algo superior, misterioso, divino, que somente os sacerdotes, os magos, os iniciados, são capazes de interpretar.
Quem quiser buscar mais para discutir sobre o assunto entre no site Universidade falada e ouça o trecho falado do autor do áudio-livro “ABC da mitologia uma noite com os mitos” de Viktor D. Salis.
Outra dica também é o blog do Laboratório de Filosofia da UFMG que traz vários materiais interessantes inclusive com resumos de vários mitos como Pandora, Eros e Psique, entre outros.
O que esta reflexão os fez pensar? Porque tratar desse tema em nosso projeto de Pesquisa?
Adriana Hoffmann
Referências
Livros:
MARCONDES, Danilo. Iniciação à História de Filosofia: dos Pré-socráticos a Wittgensteisn. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
Sites:
http://www.universidadefalada.com.br
http://www.fafich.ufmg.br
Os professores, por Valter Hugo Mãe
Há 5 anos
4 comentários:
Oi Adriana,
achei ótimo o texto e o filme postado anteriormente.
Lendo o texto, não pude deixar de
relacionar as nossas práticas narrativas. Estamos sempre procurando explicações sobre acontecimentos quando os narramos, como se fosse um constante entendimento de algo incessantemente narrado. Por isso acho importante essa comparação da formação dos mitos com o que está sendo trabalhado pelo grupo de pesquisa, pois explicita o próprio fazer da narrativa.
Bjs Célia
Muito bom, Célia, suas relações!!
Obrigada por sua contribuição. Aguardo os demais! Onde está esse pessoal que não aparece aqui há muito tempo??
Beijos e até terça!
Adriana
Dri,
Li hoje esse seu texto sobre O MITO no blog. Assisti também a postagem sobre ORFEU. Parabéns pelo texto e pelo trabalho, está muito legal.
Um beijo,
Paulo
Obrigada Paulo!
Esse blog é resultado desse grupo maravilhoso!
Beijos,
Adriana
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